domingo, 1 de março de 2009

Caminhos...

Sinto falta de escrever. De usar a caneta, rabiscar no papel. Talvez seja por gostar de escrever que eu goste tanto de estudar. Talvez por isso eu sinta tanta falta.

Já não escrevo cartas, não escrevo poemas, não tento músicas.

Me desordeno, descoordeno, me enrolo, dificulto minha vida, por motivos que não sei dizer. Uso a comida pra tapar um buraco que desconheço. Arredondo meu corpo quando o que mais quero é afiná-lo. Por momentos tenho certeza de que tudo dará certo. Mas em pouco tempo acabo comendo o que há pela frente. Uma grande necessidade oral não-identificada. Talvez, se eu ainda fumasse, fosse mais fácil. Na realidade, é claro que não seria. Eu comeria porque fumei; fumaria porque comi. Um grande círculo vicioso que vivi por tanto tempo. E do qual já consegui me livrar há bom tempo. Quase 6 anos sem fumar. Preenchendo a necessidade oral, o vício mecânico, com comida, com doce. E negando esse fato diariamente.

Eu tenho compulsão alimentar. Negar esse fato não tem sido útil. Então, talvez esteja na hora de tentar resolver novamente.

Houve um tempo em que emagreci. Eu tinha 23 pra 24 anos. Esse mês faço 31. Não me lembro de ter feito dieta. Não me lembro o que aconteceu de diferente. Quando entrei pra academia a 1ª vez, eu já estava “magra”. Algo entre 69 e 72 kg. Lembro que houve um tempo em que um pacote de Trakinas durava duas, três semanas. Eu guardava num vidro, dentro do meu armário, e comia um a cada dois dias, mais ou menos. Eu não sei o que mudou para chegar ali, nem o que mudou depois dali. Mas pude vivenciar uns meses de magreza, ainda solteira. Vivi as delícias de um corpo que nem era tão esbelto, mas que foi o mais bonito que eu já tive. Dispensei vários carinhas que me dispensaram quando eu era mais gorducha. Pude comprar blusinhas na seção infantil da C&A, algo que deixei de fazer aos 12 anos, porque as roupas infantis já não cabiam no meu corpo. Experimentei a agilidade na minha performance sexual. Na realidade, foi quando passei a ter uma performance, pois o excesso de gordura sempre havia me deixado tímida, acanhada e passiva demais para me expor.

Foi quando conheci meu marido. Me pergunto se ele me notaria se eu estivesse gordona. Eu sei que não. E sei que eu mesma não teria auto-estima suficiente para me aproximar. Às vezes, penso que meu “vale-magrinha” foi só pra podermos nos envolver. Depois de casada, normal engordar. Agora ele não me larga mais, né?! Ele tem problemas com a minha obesidade. Não com o excesso de peso em si, mas com tudo que o envolve. Não tenho uma doença específica que me leva à obesidade, mas uma série de fatores. Falta de disciplina, falta de compromisso, fraqueza em cumprir meus objetivos. Ele não entende, nunca foi obeso, não sabe como é, não consegue aceitar nem entender o que passa um obeso. Não entende, mas, na verdade, não tem que entender mesmo. Talvez, entender seria ter pena. Não tem que ter pena, não tem que amenizar, “botar panos quentes”. Ele bota é “pra ferver”, me torra o juízo, reclama de vez em quando, deixa claro que está insatisfeito, mesmo me amando mais que nunca. E que fica tristemente decepcionado a cada nova tentativa frustrada de uma nova dieta. Mas me apóia, me estimula, torce pela vitória. Como incentivo, agora me deu o pacote semestral na academia. Dessa vez, ou vai, ou vai.

Mas não é “dessa vez”. Contra a obesidade, é pra sempre. A luta é eterna. E tem aquele papo da memória celular, que meu corpo sabe que é obeso e que “gosta” de ser assim. Tem uma teoria de que pra você se manter no peso pra sempre depois de emagrecer, você precisa permanecer no peso pela quantidade de meses equivalente à quantidade de quilos que eliminou. Ou seja, - 20 kg, + 20 meses, - 40 kg, + 40 meses. E assim vai.

Eu sou (era?) imediatista. Preciso ter é paciência. Porque a caminhada rumo aos 60 kg é muito longa. Tantos já chegaram lá. Por que eu não poderia? Posso sim! Mesmo que eu tropece, mesmo que eu caia. Eu posso levantar, eu posso caminhar. O mais importante é que eu quero. Só falta agora descobrir o caminho certo, o melhor caminho pra mim. E enquanto eu não descubro esse caminho, basta andar um passo de cada vez, um passo a cada dia. Porque eu posso até não saber por onde caminhar, mas sei muito bem onde quero chegar.

Beijoca.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom seu blog. O mais inteligente, bem elaborado que já vi sobre o tema. Sua sensibilidade também e de uma sutileza extraordinária. Obrigada pela ajuda, com certeza passarei por aqui mais vezes.