sexta-feira, 30 de maio de 2008

Dieta equilibrada no pós-parto fortalece o bebê e protege a saúde da mãe

Publicada em O Globo Online em 28/05/2008 às 20h14m
Maria Vianna - O Globo Online

Frutas ajudam a repor vitaminas. Foto: Arquivo O Globo

RIO - Após o nascimento do bebê, a mulher deve continuar privilegiando a boa alimentação, principalmente se estiver amamentando. Os nutrientes de alguns alimentos, entre eles os peixes como o salmão e a sardinha, os grãos integrais, as frutas, as verduras e os legumes, são essenciais para a produção equilibrada do leite materno. Além disso, eles ajudam a evitar distúrbios como a anemia e a depressão na mãe, e contribuem para o desenvolvimento dos sistemas neurológico e imunológico do recém-nascido. (Leia mais: Tenha um pós-parto tranqüilo)

- Pesquisas recentes têm enfatizado a importância do ômega 3, uma gordura benéfica encontrada no salmão, no atum e na sardinha e em grãos como a linhaça, para o desenvolvimento cerebral dos bebês. O ômega 3 é indispensável na produção de neurônios - explica a nutricionista Daniela Jobst, especialista em nutrição funcional e membro do Centro Brasileiro de Nutrição. (Leia mais: ômega 3 tem efeito antidepressivo)

" Pesquisas recentes têm enfatizado a importância do ômega 3 para o desenvolvimento cerebral dos bebês "

Os grãos integrais como o arroz e a aveia também devem estar presentes nas principais refeições do dia. Ricos em vitaminas do complexo B, ajudam a equilibrar os hormônios femininos. A deficiência deste grupo de vitaminas também está associada a um risco maior de depressão nos três primeiros meses após o parto.

Nesta fase, a mulher também deve ficar atenta para não ter carências de vitaminas e minerais. Isso porque os nutrientes ingeridos suprem primeiro as necessidades do leite materno, e só depois as da mãe, explica a nutricionista.

- Muitas mulheres no pós-parto acabam tendo deficiência de zinco, selênio e magnésio, e um dos sinais disso é quando o cabelo começa a cai por um período prolongado e as unhas enfraquecem. Para suprir essa carência, sugiro aumentar a ingestão de frutas oleaginosas como castanha-do-pará, castanha de caju, amêndoa e nozes - diz Daniela.

Enquanto estiver amamentando, a mulher deve evitar alimentos que possam provocar cólicas e gases nos bebês. A nutricionista Patrícia Davidson, especialista em nutrição funcional pelo Instituto de Medicina Funcional dos Estados Unidos, sugere que as mulheres evitem as bebidas alcoólicas, a cafeína e o chocolate. O leite e seus derivados, segundo a nutricionista Daniela Jobst, também devem ser riscados do cardápio nos primeiros três meses após o parto.

- O leite contém uma proteína de difícil digestão tanto para os adultos como para os bebês pequenos. Como esta proteína vai parar no leite materno, ela chega no intestino do bebê, que sofre para digeri-la - diz Daniela.

Já a alfafa, os brotos e as folhas verdes escuras como couve, espinafre e agrião - ricos em cálcio e ferro - contribuem para o equilíbrio da produção de leite.

- A nova mamãe também deve lembrar de reservar um tempo para o repouso, já que a fadiga, o estresse e a ansiedade podem afetar a produção de leite. E, claro, ela não deve esquecer de beber muita água: no mínimo, oito copos por dia - lembra a nutricionista.

Dietas que restringem calorias só devem ser feitas com supervisão do médico

Peixes como o atum e legumes são indispensáveis no pós-parto. Foto: Arquivo O Globo

A nutricionista Jocelem Salgado, professora do Departamento de Nutrição da Universidade de São Paulo (USP), explica que se a mãe engordou dentro do esperado, a amamentação vai ajudá-la a recuperar a boa forma, já que a produção de leite consome cerca de 500 calorias por dia.

- Nesse caso, recomenda-se continuar com a mesma dieta adotada durante a gestação, pois é comum a mulher atingir o peso anterior a gravidez em apenas dois a quatro meses após o nascimento do bebê. Para alguns especialistas, a mulher deve perder 75% do peso adquirido nas seis primeiras semanas após o parto - explica Jocelem.

" Mulheres que amamentaram durante mais tempo, emagreceram com mais facilidade "

Ela alerta que uma dieta de restrição calórica só é recomendada caso a mulher tenha engordado bem mais do que o recomendado e, principalmente, não esteja amamentando. Mas uma dieta com menos de 1,2 mil calorias diárias, alertam os especialistas, está fora de cogitação.

- Se ela não está amamentando, é possível fazer uma dieta hipocalórica individualizada que poderá ser prescrita por um nutricionista. Para acelerar a perda de peso, é possível utilizar alimentos nutricionalmente completos que substituem uma refeição, como shakes para controle de peso, por exemplo. Bebidas diuréticas e termogênicas como o chá verde também podem ser utilizadas como coadjuvantes - diz a especialista.

A dificuldade de voltar ao peso inicial vai depender, principalmente, da quantidade de quilos ganhos durante a gestação.

- Voltar a boa forma não tem uma influência genética muito grande. De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Brasília (UnB), o fator determinante é a quantidade de peso que a mulher ganhou ao longo dos nove meses. O estudo mostrou também que mulheres que amamentaram durante mais tempo, emagreceram com mais facilidade - conclui Jocelem.



http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mulher/mat/2008/05/28/dieta_equilibrada_no_pos-parto_fortalece_bebe_protege_saude_da_mae-546545329.asp